"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SONHO: SER, EU NÃO SOU, SÃO FRANCISCO DE ASSIS... EIS A QUESTÃO... (29/01/2008)



No sonho que tive, na noite passada, eu estava junto a um grupo de pessoas, cuja quantidade não consigo definir exatamente: aparentemente duzentas pessoas, entre crianças, jovens e adultos. Um grupo de mais ou menos cinqüenta, permaneciam perto de mim o tempo todo. Os demais se espalhavam pelo local. As crianças brincando os adultos curiosos com a natureza. Estávamos em uma região de campo, mas que apresentava velhos galpões industriais, abandonados, tendo seu interior tomado por pedaços de máquinas, madeira e pedras, espalhados por todos os lados. Brotavam das engrenagens enferrujadas das máquinas, capim e pequenas flores. Pude contemplar estas imagens, da porta de um destes galpões, sem entrar no seu interior. Alguns adolescentes olhavam as mesmas coisas que eu, acompanhando minha narração daquilo que eu percebia. Logo, eu estava em um lugar, como que uma pequena cidade. Aparentemente não percebia população local. Havia uma igreja bem no centro, com arquitetura antiga, algo parecido com o gótico, nada monumental, mas de um estilo mórbido, sombrio. Possuía duas torres, com a nave centralizada e estátuas de santos, todas quebradas, encravadas em nichos, por toda sua frente. As partes altas da torre tinham algumas aberturas com fundo sombrio, no local que corresponderia à estadia do sino. A porta da frente era velha e acinzentada como toda a estrutura do local. Logo a frente uma escadaria com duas muretas que abriam para o largo central da praça. Uns vinte metros à frente, no chão, haviam lápides encravadas, compondo um pequeno cemitério de pedra, com uma quantidade de sepulturas que não passava de cinqüenta. Sentados ao lado de algumas destas sepulturas, homens e mulheres pobres miseráveis, pediam comida ou alguma ajuda. Ao passar pelo meio do cemitério, sempre acompanhado por um grupo de pessoas, uma mulher muito velha, envolvida por vestes de pano marrom e preto, com um lenço sobre a cabeça, me pediu uma ajuda. Antes que eu pudesse responder, veio um homem, coberto por panos imundos, apresentando parte do rosto coberto por feridas, me estendeu a mão que, por pouco não se desfazia em lepra, para pedir. Outros pedintes foram se aproximando e fazendo seus queixumes e ladainhas. Passei a me desesperar, e repetia constantemente “não sou São Francisco de Assis... não sou São Francisco de Assis!”. Até que uma jovem mulher, de cabelos loiros na altura do ombro, olhos azuis muito vivos e arregalados, apareceu e, me puxando pelo braço, dizia que “as beatas chegariam em breve com a comida”. Imediatamente todos os pedintes se afastaram e se sentaram no chão. Enquanto saía, olhava para trás e todos eles me observavam de forma que não conseguia destinguir o que expressavam. Os olhares eram de uniformidade e não diferenciava em cada um dos rostos que tomou...

Imagem: São Francisco de Assis, por Caravaggio

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