"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

UM DESABAFO DE ABRIL

Eu trazia loucuras na alma
Você na pele.
Eu vivi pelo que sonhava
Você pelo que doía.
Eu cresci pela humanidade
Você pela falta dela.

Abril/2013

domingo, 13 de outubro de 2013

MENTES EM PERIGO - QUALQUER INIMIGO, PODE ESTAR MAIS PRÓXIMO DO QUE PARECE - 27/06/2009

Noel Rosa: Uma mente Perigosa
Qualquer "inimigo" pode estar mais próximo do que parece. Pensemos. Nesta semana, entreguei o trabalho de conclusão do curso Técnico em Museu e, após uma cerveja com os colegas, segui para o ponto de ônibus. Ao embarcar, avistei um lugar disponível, ao lado de uma moça, que lia um livro. Minha curiosidade é habitual em querer saber o que as pessoas lêem. Aproximei-me, pedi licença e, discretamente, dei uma sapeada na capa do livro antes de me sentar e aguardar a saída do coletivo. Percebi que, com olhar de reprovação, a moça fitou-me dos pés a cabeça e manteve-se entretida atrás das páginas que lhe escondiam o rosto. O livro, cuja capa apresentava o dado de "autora com mais de duzentos mil exemplares vendidos", tratava do seguinte tema "como reconhecer e se proteger de pessoas perigosas". Logo, me veio a mente uma questão recorrente na nossa sociedade que é a exacerbação de uma "cultura do medo" que, tem como fundo, questionáveis valores de preservação moral e, mais profundamente, um senso moderno de "desqualificação" do outro. Busca-se com a publicação deste tipo de "literatura", antes de qualquer outra coisa, cobrir uma lacuna criada na formação reflexiva das pessoas, que cada vez mais estão entregando-se a comportamentos e conceitos enlatatos (prontos), alimentando assim o mercado editorial que tem centenas de títulos com este padrão. Este tipo de leitura estimula o individualismo ao "dar" ao leitor, com "receitas de bolo", pseudo-instrumentos para identificar comportamentos que possam tirar a "estabilidade física e emocional" de pessoas "de bem", de "boas intenções", de "boa formação", de "bons princípios" e de "moral". É neste momento que penso em Nietzsche e sua idéia de que a prática da "bondade" das pessoas dotadas de "moral" nada mais é do que a busca do reconhecimento de sua virtude, ou na música fantástica de Noel Rosa, interpretada magistralmente por Paulinho da Viola: 

"O mundo me condena, e ninguém tem pena / falando sempre mal do meu nome / Deixando de saber se eu vou morrer de sede /  Ou se vou morrer de fome /  Mas a filosofia hoje me auxilia A viver indiferente assim /  Nesta prontidão sem fim /  Vou fingindo que sou rico / Pra ninguém zombar de mim / Não me incomodo que você me diga / Que a sociedade é minha inimiga / Pois cantando neste mundo / Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo / Quanto a você da aristocracia /  Que tem dinheiro, mas não compra alegria /  Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente /  Que cultiva hipocrisia".

Sobre a filosofia, esta sim dá instrumentos reflexivos pertinentes para aqueles que, longe de proteger-se dos perigos existentes nos demais seres humanos, consigam refletir e encontrar os perigos que estão em si mesmos, construídos em concepções que resguardam suas "zonas de conforto", pautados em padrões "étnico-ego-antropocêntricos", de moral religiosa, preservação patrimonial, dentre outras tantas coisas. Por trás da "bula" de proteção aos nossos "valores" tão caros de se manter, está a falta de ética profissional de especialistas de ciências humanas, absolutamente vendidos ao mercado (quando não envolvidos no discurso quase religioso do academicismo), além da velha ideologia da perpetuação de soluções reacionárias, que atribuem o antagonismo entre as pessoas, como aquele discurso famoso do "eixo do mal" do lado de "lá", enquanto "Deus está conosco", do lado de "cá". Prefiro, assim, colocar "nós" na minha cabeça, com idéias de amigos como Avari, Itcaina,  Tardochi, Landolpho, Silva, Lima, Gomes ou pensadores como Sartre, Nietzsche, Camus, Sagan, Hesse, os "Andrades", Gullar, Holanda, Veloso, Baptista, Lennon, Dylan e mais mil destes, a ter que "desumanizar" qualquer estranho para me sentir bem e dono do "poder" de me proteger. Pensar as coisas da vida para me indignar ao ler o que alguém conhecido escreveu na rede sobre a Parada Gay, ocorrida na semana passada, usando o título "Sodoma e Gamorra". O problema, creio eu, não está nas "mentes perigosas", mas sim, nas "mentes em perigo".

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CHUVAS DE SETEMBRO

"ACRÍTICOS = OBEDIENTES = BEM SUCEDIDOS"

"Tão belo quanto a felicidade do outro é ficar feliz pelo outro.
Tão triste como a infelicidade de si é não suportar a felicidade do outro."

"Individualismo e individuação correspondem a conceitos absolutamente diferentes. O que vejo, via de regra, é que muitos assumem o primeiro em nome do segundo. Isso causa uma cisão no entendimento de si e do entorno, levando-os ao planejamento de auto-estruturação física e "espiritual", pautada nas formulas de sucesso "recorte-cola", fazendo um mix de falas dos grandes pensadores, sejam eles filósofos, religiosos, artistas, e empresários das grandes cadeias de produtos-consumidores, etc, desde que assegurados os deleites materiais e impermeabilização do "fantástico mundinho interno". Não existe a dialética, a reflexão do todo, que define a transformação de si e do mundo, que depende da união de sensatos esforços verdadeiramente humanizados das pessoas. Façamos a escolha: a fugir ou unir.
Com a licença de eu mesmo recortar e colar aqui, me lembro de Sartre, pouco usado pelos citados (por que será? Refletir de fato a existência dói?), disse que "...escolher para si é escolher para o mundo". E Gregório de Matos, que nos deixou una reflexão deliciosamente provocante que, para mim, é uma filosofia de vida: "... o todo sem a parte não é todo; a parte sem o todo não é parte".


BOAS E MÁS CONVERSAS

"Do mesmo modo como se corrompe o espírito, corrompe-se o sentimento. O espírito e o sentimento. O espírito e o sentimento são formados pela conversa. O espírito e o sentimento corrompem-se pelas conversas. Dessa maneira, boa ou más conversas formam-no ou o corrompem. Escolher bem, para formá-lo e não corrompê-lo, é o mais importante de tudo,..."

(Blaise Pascal)

"VIU PAI!"


Na Estação da Luz, a caminho da Sala São Paulo, fio abordado por um rapaz negro, aproximadamente 25 anos, dentes muito bem cuidados, morador de rua das imediações. Ele me contou que era um ótimo profissional e que ajudava na construção de carros alegóricos. Disse que, certa vez, andava pelas ruas com alguns caras e chutou um morador de rua. Algum tempo depois, levou tiros enquanto andava na rua e, até a chegada do resgate, quem cuidou dele no chão, foi o mesmo homem que havia chutado meses antes. Ressaltou que a vida da muitas voltas. Pelo menos por três vezes na conversa, me chamou de "pai" (Viu, pai!) Me deu a mão, desejou que Deus me abençoasse e disse que o Corinthians vai "enfiar três" no Grêmio.
Sensação de rasgo no coração.

"... um pouco do exercício do ouvir, algumas vezes, tem o valor de um abraço ou um prato de comida".

terça-feira, 6 de agosto de 2013

MACHOS EM CRISE - QUAL É O PIOR TIPO DE MULHER QUE EXISTE?




O seguidor da Grande Seita dos Machões, perguntou ao seu mestre:

- Mestre, qual é pior tipo de mulher que existe?
O mestre pediu que lhe desse um tempo e saiu, retornando um mês depois. Seu discípulo correu em sua direção e perguntou. 
- Então mestre, tem a resposta? Qual é o pior tipo de mulher que existe?
O mestre respondeu:
- É a mulher segura.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Oleiro


Homem, oleiro que constitui a razão do sopro: não existe a divindade sem ti.


Estrada, abrigo e o jogo

"A mesma estrada por onde trafega o perigo, viaja o abrigo."

"Amo o silencio que me abriga, pois eu, maníaco expressivo, não o abrigo."


"Vem da dinâmica do jogo
Que trás o estimulo e leva a expressão.
Da força intrínseca da curiosidade e descoberta
Da mente que se liberta
Que sente poder ser aberta."

sábado, 23 de março de 2013

FRUTOS AMÁVEIS

"Mais do que nunca, tenho aprendido que aquilo que realmente importa, transforma e faz a diferença na vida, não é dizemos ou escrevemos, mas a força do que sentimos, refletida nesta própria criação diária que é a vida. Uma composição difícil mas que nos oferece frutos amáveis, para que deles nos alimentemos e tenhamos vitalidade para encarar todas as demais outras coisas."

sexta-feira, 22 de março de 2013

GOODBYE...



"It was an early morning yesterday
I was up before the dawn
And i really have enjoyed my stay
But i must be moving on

Like a king without a castle
Like a queen without a throne
I´m an early morning lover
And i must be moving on

Now i believe in what you say
Is the undisputed truth
But i have to have things my own way
To keep me in my youth"

(Ontem de manhã,bem cedo
Eu levantei antes de alvorecer,e
Realmente,aproveitei minha paragem
Mas tenho que ir embora

Como um rei sem castelo
Como uma dama sem trono
Fico muito disposto de manhã
E tenho que me mandar

Agora acredito no que você diz
É a verdade indiscutível
Mas as coisas precisam ser do meu jeito
Para manter-me jovem)

Goodbye Stranger - Supertamp



domingo, 3 de fevereiro de 2013

Preparado para voar - 12/10/1995


Preparado para voar.
Um ponto manchando a tela do horizonte.
Sorrisos que dou para a luz, aceitando meu desligamento.
Minhas asas parateadas, recebo e agradeço.
Meu corpo vai de encontro a terra.
Minha alma vai de encontro ao infinito.
Meu medo, presságio da não vivência de um amor, aos poucos, transforma-se em paz.
A natureza aceita meus restos e o tempo leva meu pensamento.

Dúvidas despedaçadas - 13/09/1995


Meu coração é formado por dúvidas despedaçadas.
Observando-me com cuidado, sinto-me sondado, pelo fim do que desejo.
Longe da sanidade, a terra onde fui fecundado, agora me envenena com a covardia e a fuga.
Desespero e ansiedade: locais em que caminho sem pensar.
Vênus onde estás tu, me vendo trair e não alimentando a Dama do Fogo?
Meu socorro é uma arma, em que vou viajar, com um tiro certeiro.
Navegando no sangue escorrendo, observarei a fumaça do destino errado.
Amo algo perdido. Talvez no tempo, ou na memória, talvez no sonho, na carência.
Adeus, nada absoluto.

LICENCIADO

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