"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SONHO: ESCADARIA ESCURA, PESSOAS ESTRANHAS E JANELA ILUMINADA (24/01/2008)



Eu estava à procura de uma mulher com sua filha. O que me levava a isso, é um fator que desconheço. De imediato, já me via prostrado de frente à porta de madeira de uma casa, cuja parede externa era de cor cinza, deixando evidente que á pouco tempo, havia sido rebocada. Ao bater, fui atendido de rapidamente, mas não pude ver quem me atendeu. Tenho a impressão de que fosse uma senhora de idade bem avançada. Do lado de dentro da porta, o ambiente de cortiço era escuro, salvo por alguns filetes de luz que entravam pelo teto todo de telhas, iluminando as dobras dos degraus mal acabados da escadaria comprida, que descia, acompanhada por uma parede rústica, sem corrimão. Do lado esquerdo, logo nos primeiros metros de descida, havia um corredor lateral e pude identificar uma porta aberta. No interior desta porta, uma cozinha, onde as paredes eram cor-de-rosa de tom forte. Uma pequena mesa de mármore com cadeiras de ferro, de cor branca. Na parede, a imagem de um santo (que não consegui identificar) num calendário e um terço pendurado sobre este. Saindo deste corredor, descendo ainda mais a escadaria, também do lado esquerdo, um pequeno corredor e a porta um pouco entreaberta de outra casa, por onde saia um facho de luz, cuja identificação eu tive somente de paredes azuis. Sentia que ali, morava a senhora que eu imaginava ter aberto a porta principal. Um pouco mais abaixo, no final da escadaria, havia uma casa, também do lado esquerdo, e também com a porta aberta. Dentro desta, dois homens, um deles moreno, sem camisa, de bermuda jeans, estava sentado com os pés sobre o sofá, com ar de deboche, assistindo televisão, cuja movimentação das imagens e cores, refletiam em seu rosto e peito. Ao seu lado, não exatamente assistindo, outro homem moreno, um pouco mais auto e forte, de cabelos negros e costeletas compridas, com sapatos negros, calça social e camisa quadriculada, falava olhando para o colega. Quando percebi, haviam interrompido sua ação e me observavam com olhar de receio. A impressão que eu tinha é que eles eram de má índole. Imediatamente, virei para o lado e me vi, abrindo a porta que estava a minha frente, ao lado da casa dos morenos. Entrei nesta casa. Encostei a porta. Era apenas um cômodo. As paredes não tinham reboque e, em alguns pontos, chegava a aparecer os tijolos vermelhos. Ao lado direito, uma cômoda antiga de madeira, marrom escura, com três gavetas grandes e podes e vidros coloridos sobre a mesma. Ao lado esquerdo, uma cama de ferro de cor branca, com uma colcha entre vinho e branco, bem limpa e cheirosa. À frente, um carrinho de bebê azul marinho, com chocalho e panos com desenhos infantis (ursos, palhaços, borboletas) era iluminado pelo sol, que entrava por uma janela aberta, de onde chegava maciça da luz, que perpassava a bela cortina branca de renda. Logo abaixo da janela, um pequeno criado-mudo com um abajur de amarelo de cerâmica. Não resisti e olhei pela janela. Ao fundo, belas arvores com pássaros cantando sem seus galhos. Era final de tarde. A mulher que eu procurava, não estava. Quando dei por mim, já estava saindo pela porta. Subindo rápido a escadaria, percebi que os dois homens morenos me observavam da porta. Subindo mais, vi a velha senhora, de frente de sua casa, agora com a porta escancarada, com as paredes azuis e sem móveis. Ela aparentava mais de oitenta anos, usava sapatilhas e calça de cor preta, camisa preta com flores brancas. Sorria de forma estranha, sem vida. Subindo em direção a saída, observei que enfrente a casa de paredes rosadas, duas senhoras gêmeas, altas, com idade próxima aos setenta anos, de cabelos loiros e lábios pintados de batom vermelho, usavam blusa de manga curta amarela e bermudas brancas (soavam-me grotescas!). Cochichavam movimentando as mãos como se estivessem tricotando, olhando-me com olhar assustado. Passei por elas e, já com grande agonia para sair daquele local, caminhava rapidamente, escadaria acima. Parecia nunca chegar até a porta! Quando isso aconteceu, estendi minha mão e segurei a maçaneta, rodando-a com pressa...

Foto: Jorge Santos

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