"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

ONDE ESTÁ O "DEUS" QUE VEJO? - DESDOBRAMENTOS DA "MINHA FÉ" - 02/10/2011


E-mail enviado para em reposta à querida Juliana Campos, em 28 de setembro de 2011 – 19h03.
__________________________________________

Boa tarde,

Em primeiro lugar, obrigado pela atenção e por estas belas impressões/expressões que tem compartilhado comigo. De fato, a troca de vivências é um dos mais extraordinários feitos que o ser humano pode fazer em vida.
O ser humano... O que defino e o que desconheço. O sentido do meu trabalho, do meu pensamento. Por ele me interesso e acredito em sua capacidade, na mesma proporção que o vejo "desfazer-se". Nestas figuras simples do cotidiano, representadas na Inês, identifico muito mais de mim. Frequentei meios acadêmicos com mestres, doutores, magistrados, etc, na busca do encaminhamento do que é trabalhar com o ser humano e, para minha felicidade, não encontrei. Foi entre as pessoas simples que descobri o que é o Ser Humano, de fato. Descobri a humanidade, longe de um conceito de humildade pedante, mas grande em doação de si, sobretudo ao compreender como homem e humano (demasiadamente humano), a figura de Giovanni de Bernardone, o São Francisco de Assis. Compreendi que o sonho de Paulo Freire, alfabetizando pescadores em 40 dias era outra ferramenta para caminhar, juntamente com a resignificação de Sartre, a literatura de submissa paixão de Dostoiévski, a poesia transcendental de Fernando Pessoa e as experiências de todos aqueles que, no seu cotidiano, constroem o que chamam de vida, ausente em recursos e rica em vontade, eram o caminho para a divindade. Como disse Oscar Wilde, "A simplicidade é o último refúgio de um espírito complexo". É no ser humano que me refugio, e é nele que busco este "Deus"...
O mesmo Deus que me deram, sem eu pedir ou optar, na pia batismal. O mesmo Deus que me sensibilizava na indignação de vê-lo morto pelos seus iguais. O mesmo Deus que se fazia presente, caso o que eu buscava no ocultismo me assombrasse mais do que desse respostas. O mesmo Deus que me fez buscar, no horizonte do Oriente, novas visões e "perda de sentido". O mesmo Deus que me fez, em desespero de não saber lidar com o próprio orgulho, querer conduzir ovelhas. O mesmo Deus que aos poucos se desintegrava e dava lugar ao "Eu". O mesmo Deus que sinaliza pelas bocas alheias, aquilo que eu não sei onde está e quero encontrar.

Se crês, eu creio.

Grande abraço.


Capela Sistina

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LICENCIADO

Licença Creative Commons
Cartas Catarticas de Adriano C. Tardoque é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 Unported.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://www.facebook.com/adriano.tardoque.