"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

FALAS PERDIDAS

Detalhe de "O Jardim das Delícias" - Bosch

"Mas quando vi aqueles olhos constrangidos, dentes mordendo os lábios apreensivos, como que com medo de ser devorada viva (ao mesmo tempo em que demonstrava vontade, disso), tive todos os ímpetos despertados duma só vez."

"A beleza é como a cerveja: bebo e viajo em ambas!"

"Eu, falastrão incontrolável das mais alucinadas cousas e você, do tipo "ouço tudo... continua!"

CORAÇÃO DE PEDRA




Coração de pedra é como um escarpado terroir: se você tem cuidado e paciência, plantará as melhores uvas e  as colherá para os melhores vinhos."

MICRÔNICA INSTANTÂNEA: DONA CHICA - 15/11/2012


Conheci duas Donas Chicas. Ambas pessoas incríveis, que trabalhavam na limpeza de empresas em que trabalheo. Uma delas, a "Chica número 1", me recordo, deixou um bilhete na minha bancada no trabalho: "Se vai quere chocolati estantaneo do mercado?". Eu, achando que estava sendo engraçadamente gentil, respondi: "Só si for nesse ezato momento". Ela treplicou: "Ta bão, me da o dinhero. Exato é com X".

Fonte da imagem: http://donachicamg.blogspot.com.br/

MICRÔNICA INSTANTÂNEA: MERCADO MICROCOSMO - 13/11/2012

Economizo a calçada. Caminho 200 metros pelos mágicos corredores de cores e odores do Mercado Municipal. Feira de todos os dias, em que homens e mulheres anunciam com sorrisos e cordialidade. Variação de beleza feminina, da idosa a menina. Anciãos contam velhas histórias para novos curiosos. Orientais, árabes, africanos, gringos em toda espécie. Saciado com o cheiro de café que outro toma, saio do mercado e deste microcosmo.

MICRONICA DE PONTO DE ÔNIBUS: LOIRINHA - 12/11/2012


Loirinha linda, + ou - 23 anos, olhos amendoados, hiperlordose afrodisíaca... Mas tossiu no meu braço, pois não colocou a mão na boca e ainda fala gritando no celular.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O GRANDE CONE - 08 DE JUNHO DE 2009


Em seg, 3/6/09, Adriano Tardoque escreveu:

Tenho algumas sugestões...

Podemos criar uma Igreja, cujo deus seja um cone de 10 metros de altura, feito de pedra cinza. A doutrina desta religião será postulada por um comitê de notáveis, que saberão interpretar as vontades do Grande Cone para os homens da Terra.
Todos os fiéis deverão visitá-lo pelo menos uma vez por mês e deixar 20% do salário para que o mês seguinte seja abençoado. Ao inserir as cédulas (ou comprovante do débito automático) em um dos orifícios do Grande Cone, a pessoa fica em silêncio e aguarda que "a voz" divina fale com seu coração. Se não ouvir, é por que ainda não está pronto, precisando se esforçar mais para garantir o sustento da casa divina.
Podemos montar também, um trabalho social da religião, com aulas de artesanato e reciclagem. Tiraremos retratos constantemente desta linha de produção do miserê e emolduraremos nos próprios porta-retratos feitos de papelão e tampinha de coca-cola. Italianos e franceses investem e compram bastante este tipo de coisa! É claro que teremos que montar uma feira de trocas solidárias, para que as senhoras da aristoburgocracia [1] tirem fotos com os pobres e convoquem suas amigas a comprarem as coisas "lindinhas", produzidas nas bocas-de-lobo, transformadas em locais sagrados, pelos ideais da "revolução" que virá da pobreza. E ao final de cada evento, entregamos aos pobres tickets que valem pela troca de qualquer produto dentro da feira! Que legal! Imagina só chegar no albergue público e poder enfeitar ao redor da cama beliche com móbiles e luminárias... Isso alegra a vida!

Instituiremos também um trabalho de medicina alternativa, associando as técnicas do reiki, com os símbolos celtas, os cantos gregorianos e a pajelança amazônica. Cobramos a hora e os valores módicos, serão investidos em uma casa litorânea, com vista para o mar, onde os líderes espirituais farão retiros para conectar-se com o Grande Cone e receber as boas novas a serem empregadas ao povo santo.

Aproveitamos também e abrimos uma Universidade Grande Cone, visando expandir a religião, ligando-a ao mundo acadêmico. Trazemos historiadores e antropólogos franceses para sua formação (com franceses no meio, a satisfação torna-se imediata!) e sobre o pensamento francês, estabelecemos as diretrizes racionais que caminharão ao lado da teologia conecêntrica [2].

Aguardo posicionamento dos queridos amigos.

Sem mais.

Cone Adriano Tardoque

[1] Fusão definitiva da aristocracia com a burguesia.
[2] O Cone como o centro de todas as coisas.


Em seg, 8/6/09, Jon ITCAINA escreveu:

Querido Cone

Vi a luz do grande cone imediatamente na sua fala; é um grande projeto que com certeza interessara muitos patrocinadores aqui no meu pais, sobre todo se dentro do ritual, chegando no auge da meditação transcendental, tiver que sentar na ponta do grande cone 7 vezes, para que a força energética do Deus feito Cone entre diretamente na alma, uma creme da pureza poderia ajudar os menos puros a se abrirem à beleza do fundamento, a força da verdade;
Um primeiro ritual, para os iniciantes, ou seja, os que não teriam passado por provas de cultura francesa, de estética da pobreza e de "ética da revolução longe de casa", seria manusear [3] suavemente uma imitação do Grande Cone, 7 vezes por dia olhando para uma foto de pobre fazendo artesanato com papelão obrigatoriamente coletado na rua.

"Que legal! foi você que fez?" poderia ser o canto para iniciar a oração...ou "yes we cone"

Cone Jon

[3] Estímulo para o prazer sexual ou sinônimos (ele, originalmente, escreveu "punhetar")

SARAVÁ, HADES E A GREVE DA GRANDE MÃE - 04 DE JUNHO DE 2009


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Em ter, 2/6/09, Adriano Tardoque escreveu:
Saudações Flavião

Como caminham as coisas?

(...)

Vi que a "Nossa Senhora" USP está em greve. Uma das reivindicações é o fim do curso de formação de professores via EAD. O que acho interesante é que os "nobres" doutores desta entidade e seus "mestres" asseclas reforçam junto aos alunos, sobretudo do curso de História, que "dar aula na rede é o fim do poço", fomentando a competição pelas graduações internas da universidade, num nível que "capitalismo selvagem" algum põe defeito! Além disso, quando surge um problema de grande proporção, sobretudo que envolve violência nas escolas, lá vai o cientista social, especialista em educação da MADRE, dar seu parecer na TV. O último que ouvi falava dos professores "desinteressados" por conta dos baixos salários e sucateamento da formação. Ainda bem que eles "sabem o que querem" quando formam e estimulam a necrofagia dos ídolos entre os estudantes e quando criam essa relação de coprofilia com a mídia.

Link: 
http://br.noticias.yahoo.com/s/02062009/25/manchetes-alunos-docentes-da-usp-paralisacao.html

Abraço desiludido do amigo,

Adriano Tardoque
Em qua, 3/6/09, Flavio Landolpho escreveu:
Caríssimo Mártir Amigo

Tal como você estou emaranhado tal qual pinto em estopa! (...) Em relação aos intelectuais da USP, comparo-os com a maritaca que 'cantava' trechos de ópera, agradando de tal forma a Catarina, a Grande que esta titulou-a como marquesa, exigindo da corte que fizesse todas as vênias do protocolo a esta TALENTOSA ave... Estes meu caro, tão só gorjeiam como dita a moda e já se dão fumos nobiliárquicos! E que gorjeios são estes? O transgênico (ou seria travestido?) discurso da inclusão, do comprometimento, motivação, etc., etc....
Lembrando o Velho Barbudo: A primeira versão é a tragédia, as repetições são farsas...
Em relação a isso, lá na Casa de Orates (...), o discurso por mais semelhante que seja, temos acertos mudos e muito eloquentes que nos direcionam para promover ou reter na medida dos interesses da área financeira ou da aproximação do ENAD.
Ai que vergonhoso fim de carreira: Baixo meretrício, cafetinagem pedagógica, michetagem curricular, sado-masoquismo hierárquico, escatologia verbal-literária-avaliatória! Olho-me no espelho e confesso: "Flávio, sonhaste com o intelecto? Acorda como um perro michê agora!
Ai de nós, Amigão!
Assim que possível vamos nos encontrar para um café, ok?
Abração e até breve,

Flávio


OS SÍMBOLOS, O ADEUS E VIDA COMPARTILHADA - 22 DE MARÇO DE 2009


Os ciclos da vida

No Fim do Mundo, é um bar que fica em Santana, Zona Norte de São Paulo. É diferente do que se conhece em geral: instalado num casarão do século XIX, com arquitetura francesa e italiana, tem ambiente expositivo, estúdio e bar. Tornou-se uma opção para quem quer alguma coisa diferente, com ambiente mais voltado a cultura, desde a decoração até a escolha de repertório musical. O símbolo do bar é a Trisquel (ou Triskel, Triskele) que, até onde se sabe, representa os ciclos da vida [1]. Estes ciclos que devem ocorrer, pois está naturalmente determinado assim: nascer, viver, morrer, alimentar a terra, alimentar novas vidas. Eu olhava para o símbolo e, enquanto meus amigos conversavam sobre a recepção do outono, eu pensava na amiga querida que perdi a pouco tempo. Dias antes, ao encontrá-la ali, imóvel e sem o sopro da vida, tive uma reação diferente do que ocorrera em outras vezes: em meu coração, só restava a gratidão por cada palavra e cada sorriso que compartilhou, enquanto pudemos conviver. Se aprendi a lidar com a partida, não posso dizer. Certamente, ser grato por tudo que me fez sentir melhor, é um passo grandioso. Sem o desespero do adeus, mas com o reconhecimento do que foi compartilhar intensamente. Creio que viver é isso.

[1] Com origem provável na região da Galiza, ao Norte de Portugal e Noroeste da Espanha, provavelmente se espalhou pela Europa Antiga. Era usado pelos celtiberos, mas não se sabe se deles era originário.

Mapa da Galícia
Para saber mais:
http://www.nofimdomundo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1&Itemid=2

http://www.forum-gallaecia.net/viewtopic.php?t=40

SE APAIXONAR PARA QUÊ? RESPOSTA INSTANTÂNEA PARA PERTURBAÇÕES DISTANTES E CONSTANTES - 08 DE ABRIL DE 2009


Kurosawa e paixão: sonho que estava dentro de uma pintura de Van Gogh

Para que a vida tenha motivação, desejo, transformação, impulso, vitalidade, segredo, cumplicidade, lembrança, saudade, loucura, dedicação, afetividade... Para ter graça.
Para que a visão se abra e se expanda. Como a luz que arrebenta o dia e aquece o coração. Como os raios luminosos, que apresentam as cores.
Para que o paladar se estabeleça e se aprimore. Como a cada alimento Mediterrâneo, regado pelo azeite dos gregos. Como cada gole do café, recém torrado e moído.
Para que o olfato traga sempre o pensamento. Como os cabelos molhados, que perfumam o ar e a cama. Como o cheiro da pitanga, que a boca enxágua.
Para que a audição se encarregue das respostas. Como a cada suspiro, que recebe de troco um beijo. Como cada canção peculiar, que representa uma emoção.
Para que o tato traga as demais coisas. Como se cada carinho, fosse o último e o primeiro. Como fazer dos lábios, eternos descobridores.

O QUE TERÁ ACONTECIDO COM HARRY HALLER? - 16 DE MAIO DE 2009

EU ACREDITO! - 23 DE JULHO DE 2009


"Eu vi você construir o sonho.
E vou vê-lo usufruir do sonho."

23 DE DEZEMBRO DE 2009 - NO HOSPITAL



A dor me impediu de ver e pensar durante certo tempo, até que a consciência se instaurou me  levando a tirar a atenção de mim mesmo. Ao observar as coisas ao meu redor, pouco a pouco, envolvido pelas imagens, sons e pensamentos que aconteciam como enxurrada, as coisas foram mudando. O menino de colo, se jogando para trás, envolto nos braços da mãe, era observado pela irmã que, timidamente, olhava para as pessoas, buscando suas reações. A moça de óculos vermelhos e cabelos presos por uma grande presilha de tom mármore, mergulhada num livro metade lido, é indiferente a tudo. As caixas de som anunciam meu nome e, ao chegar para a coleta do sangue, não me sai dos olhos a velhinha senhora, inerte, na cadeira de rodas, olhar sem vida, enquanto a filha lhe enxuga os lábios e o suor. Uma mulher conduz pela mão o senhor que, caminhando lentamente e com a camisa de botões toda aberta, repete e comenta tudo que ouve pelos corredores. Num dos cantos, a filha consola o cansado pai, enquanto um homem baixo, grisalho, de sobrancelhas grossas que, como eu, aguarda por um eletrocardiograma, contando casos de paranormalidade.  Muito franzina, de cabelos negros e caminhando com dificuldade, uma mulher com um vestido rosa, contrastando com inúmeras feridas espalhadas por ambas as pernas, cruza meu campo de visão. No meu ouvido, de um lado o som ambiente e, do doutro, Mozart que, ao contrário de me distrair, compõe o fundo musical para o bailado das mazelas humanas. 

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