"SER" ESCREVER

"O QUE EU SOU E O QUE EU ESCREVO SÃO UMA COISA SÓ. TODAS AS MINHAS IDÉIAS, TODOS OS MEUS ESFORÇOS, EIS O QUE SOU." (C.G. JUNG)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O ROBÔ QUE NÃO TIVE

Arthur
Sonhava em ter um robô. E que ele tivesse personalidade própria, sem parecer com qualquer pessoa. Que fosse superinteligente, falasse todas as línguas, pudesse conversar sobre todas as coisas. Que fosse aquilo que me faziam acreditar que eu não seria. Não tive o robô. Não sou como eles disseram.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

IMAGINAÇÃO INFANTIL VERSUS PROBLEMAS...

Fonte da Imagem: http://alexandraluz.blogspot.com/

"Seu filho tem problemas", disse a professora. "O chinelo cura", disse a minha mãe. "Não tenho problemas", disse eu. "O chinelo não cura", afirmo! O que eu tinha era a cabeça o tempo todo na praia que visitei, na África que imaginei, nas aventuras que inventei.

A INFÂNCIA COM OS BICHOS E A MÁQUINA DO TEMPO...


Aprendi com o Tubarão-Martelo, reinventado numa vassoura de pelos, nadando em oceanos imaginários. Conheci todos os bichos que soltava das páginas da enciclopédia. E a televisão... O que era aquilo! Uma máquina do tempo/espaço!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

QUINTAIS DA INFÂNCIA E BICICLETAS VOADORAS...


Cena de E.T. - O Extraterrestre
 Tive tantos livros, um tanto de brinquedos e algumas fantásticas viagens. Tive uma escola tortuosa e pouco significativa. Aprendi com minha imaginação no quintal da minha casa. Lá, andei de bicicleta pela primeira vez! E com ela... VOEI!

terça-feira, 27 de julho de 2010

BRINQUEDOS INEXISTENTES - INFÂNCIA...



...Tantas eu vejo jogadas pelas ruas. E penso no brinquedo que inexiste e assim, não transporta para a fantasia para que depois ajude na construção do real. Passa do amargo início real para o duro viver no real. Desde cedo.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SONHO: ESCADARIA ESCURA, PESSOAS ESTRANHAS E JANELA ILUMINADA (24/01/2008)



Eu estava à procura de uma mulher com sua filha. O que me levava a isso, é um fator que desconheço. De imediato, já me via prostrado de frente à porta de madeira de uma casa, cuja parede externa era de cor cinza, deixando evidente que á pouco tempo, havia sido rebocada. Ao bater, fui atendido de rapidamente, mas não pude ver quem me atendeu. Tenho a impressão de que fosse uma senhora de idade bem avançada. Do lado de dentro da porta, o ambiente de cortiço era escuro, salvo por alguns filetes de luz que entravam pelo teto todo de telhas, iluminando as dobras dos degraus mal acabados da escadaria comprida, que descia, acompanhada por uma parede rústica, sem corrimão. Do lado esquerdo, logo nos primeiros metros de descida, havia um corredor lateral e pude identificar uma porta aberta. No interior desta porta, uma cozinha, onde as paredes eram cor-de-rosa de tom forte. Uma pequena mesa de mármore com cadeiras de ferro, de cor branca. Na parede, a imagem de um santo (que não consegui identificar) num calendário e um terço pendurado sobre este. Saindo deste corredor, descendo ainda mais a escadaria, também do lado esquerdo, um pequeno corredor e a porta um pouco entreaberta de outra casa, por onde saia um facho de luz, cuja identificação eu tive somente de paredes azuis. Sentia que ali, morava a senhora que eu imaginava ter aberto a porta principal. Um pouco mais abaixo, no final da escadaria, havia uma casa, também do lado esquerdo, e também com a porta aberta. Dentro desta, dois homens, um deles moreno, sem camisa, de bermuda jeans, estava sentado com os pés sobre o sofá, com ar de deboche, assistindo televisão, cuja movimentação das imagens e cores, refletiam em seu rosto e peito. Ao seu lado, não exatamente assistindo, outro homem moreno, um pouco mais auto e forte, de cabelos negros e costeletas compridas, com sapatos negros, calça social e camisa quadriculada, falava olhando para o colega. Quando percebi, haviam interrompido sua ação e me observavam com olhar de receio. A impressão que eu tinha é que eles eram de má índole. Imediatamente, virei para o lado e me vi, abrindo a porta que estava a minha frente, ao lado da casa dos morenos. Entrei nesta casa. Encostei a porta. Era apenas um cômodo. As paredes não tinham reboque e, em alguns pontos, chegava a aparecer os tijolos vermelhos. Ao lado direito, uma cômoda antiga de madeira, marrom escura, com três gavetas grandes e podes e vidros coloridos sobre a mesma. Ao lado esquerdo, uma cama de ferro de cor branca, com uma colcha entre vinho e branco, bem limpa e cheirosa. À frente, um carrinho de bebê azul marinho, com chocalho e panos com desenhos infantis (ursos, palhaços, borboletas) era iluminado pelo sol, que entrava por uma janela aberta, de onde chegava maciça da luz, que perpassava a bela cortina branca de renda. Logo abaixo da janela, um pequeno criado-mudo com um abajur de amarelo de cerâmica. Não resisti e olhei pela janela. Ao fundo, belas arvores com pássaros cantando sem seus galhos. Era final de tarde. A mulher que eu procurava, não estava. Quando dei por mim, já estava saindo pela porta. Subindo rápido a escadaria, percebi que os dois homens morenos me observavam da porta. Subindo mais, vi a velha senhora, de frente de sua casa, agora com a porta escancarada, com as paredes azuis e sem móveis. Ela aparentava mais de oitenta anos, usava sapatilhas e calça de cor preta, camisa preta com flores brancas. Sorria de forma estranha, sem vida. Subindo em direção a saída, observei que enfrente a casa de paredes rosadas, duas senhoras gêmeas, altas, com idade próxima aos setenta anos, de cabelos loiros e lábios pintados de batom vermelho, usavam blusa de manga curta amarela e bermudas brancas (soavam-me grotescas!). Cochichavam movimentando as mãos como se estivessem tricotando, olhando-me com olhar assustado. Passei por elas e, já com grande agonia para sair daquele local, caminhava rapidamente, escadaria acima. Parecia nunca chegar até a porta! Quando isso aconteceu, estendi minha mão e segurei a maçaneta, rodando-a com pressa...

Foto: Jorge Santos

SONHO: SER, EU NÃO SOU, SÃO FRANCISCO DE ASSIS... EIS A QUESTÃO... (29/01/2008)



No sonho que tive, na noite passada, eu estava junto a um grupo de pessoas, cuja quantidade não consigo definir exatamente: aparentemente duzentas pessoas, entre crianças, jovens e adultos. Um grupo de mais ou menos cinqüenta, permaneciam perto de mim o tempo todo. Os demais se espalhavam pelo local. As crianças brincando os adultos curiosos com a natureza. Estávamos em uma região de campo, mas que apresentava velhos galpões industriais, abandonados, tendo seu interior tomado por pedaços de máquinas, madeira e pedras, espalhados por todos os lados. Brotavam das engrenagens enferrujadas das máquinas, capim e pequenas flores. Pude contemplar estas imagens, da porta de um destes galpões, sem entrar no seu interior. Alguns adolescentes olhavam as mesmas coisas que eu, acompanhando minha narração daquilo que eu percebia. Logo, eu estava em um lugar, como que uma pequena cidade. Aparentemente não percebia população local. Havia uma igreja bem no centro, com arquitetura antiga, algo parecido com o gótico, nada monumental, mas de um estilo mórbido, sombrio. Possuía duas torres, com a nave centralizada e estátuas de santos, todas quebradas, encravadas em nichos, por toda sua frente. As partes altas da torre tinham algumas aberturas com fundo sombrio, no local que corresponderia à estadia do sino. A porta da frente era velha e acinzentada como toda a estrutura do local. Logo a frente uma escadaria com duas muretas que abriam para o largo central da praça. Uns vinte metros à frente, no chão, haviam lápides encravadas, compondo um pequeno cemitério de pedra, com uma quantidade de sepulturas que não passava de cinqüenta. Sentados ao lado de algumas destas sepulturas, homens e mulheres pobres miseráveis, pediam comida ou alguma ajuda. Ao passar pelo meio do cemitério, sempre acompanhado por um grupo de pessoas, uma mulher muito velha, envolvida por vestes de pano marrom e preto, com um lenço sobre a cabeça, me pediu uma ajuda. Antes que eu pudesse responder, veio um homem, coberto por panos imundos, apresentando parte do rosto coberto por feridas, me estendeu a mão que, por pouco não se desfazia em lepra, para pedir. Outros pedintes foram se aproximando e fazendo seus queixumes e ladainhas. Passei a me desesperar, e repetia constantemente “não sou São Francisco de Assis... não sou São Francisco de Assis!”. Até que uma jovem mulher, de cabelos loiros na altura do ombro, olhos azuis muito vivos e arregalados, apareceu e, me puxando pelo braço, dizia que “as beatas chegariam em breve com a comida”. Imediatamente todos os pedintes se afastaram e se sentaram no chão. Enquanto saía, olhava para trás e todos eles me observavam de forma que não conseguia destinguir o que expressavam. Os olhares eram de uniformidade e não diferenciava em cada um dos rostos que tomou...

Imagem: São Francisco de Assis, por Caravaggio

A DIALÉTICA DA DESGRAÇA - DESABAFOS POR E-MAIL - 18/04/2009

Miséria e problemas sociais brasileiros: fetiche predileto das elites intelectuais de metrópole (França e Europa) e de colônia (Brasil)

Data: Quinta-feira, 16 de Abril de 2009, 15:53


Ola camarade.
Cara tô arrasado: hoje me deparei com uma moça francesa "apaixonada pelo Brasil"...ela morou 6 meses no Rio de Janeiro mantida pelo ministério da cultura francesa para fazer um "trabalho cultural ( com um grande cu ), ou seja fotos de crianças e mães de favelas para expor em Paris, em uma galeria de arte...a estetização da pobreza da favela é incrível... e depois tem que ouvir que o governo francês não tem grana para investir nos programas sociais ou educativos! quase matei a menina que tinha um papo revolucionário tipo "o povo da favela é muito legal e feliz... o traficante é legal porque faz trabalho social...e claro, falou a palavra "eu" 48 vezes em 10 minutos de conversa...ela sinceramente achava que ajudou o pais "pobre", resolveu muitos problemas do Brasil com as suas fotos " temos que conscientizar o povo europeu muito burguês ( ... ) , que não entende nada da globalização que EU estou dominando com a minha arte"...parisiense metida arrogante paga por nossos impostos para foder com os cariocas e se masturbar punhetando a miséria do morro... Sem comentários! A nossa civilização é totalmente decadente e vai pra água baixo... Perguntei para ela quanto ela pagou os traficantes para fazer aquela merda! não agüento mais esses intelectuais de esquerda franceses sempre julgando todo mundo com e assumir os privilégios extraordinários dos quais são beneficiados...patético! Ela me explicou o Brasil, conhecia muio bem São Paulo (a Paulista e Moema , os moradores de rua eram "muito legais" ela conhecia um no Rio.. .Coitada elite decadente! Desculpe mas era preciso desabafar, caralho! Com certeza no livro que estou escrevendo vou colocar uma personagem francesa ou italiana artista que veio se masturbar com os pobres.

Jon o basco brasileiro


Sexta-feira, 17 de Abril de 2009 10:42

Pois é meu caro e honrado amigo...

Infelizmente a tradição européia em atribuir glamour a pobreza é, ao meu ver, um dos principais canceres da "pseudo-humanidade" atual. E isso tudo é fruto de uma tradição acadêmica que está na raiz da coisa e que incrivelmente não é observada pelos intelectuais ateus e ditadores das modas científico-humanas, como uma manifestação etnocêntrica, sobretudo das escolas francesas de sociologia e antropologia. Os intelectuais brasileiros (formados pelos franceses desde a década de 30), são co-responsáveis pela proliferação deste fenômeno, colaborando para a dialética da desgraça, produtora dos fetiches mais violentos e degradantes do que a própria pobreza. Antes tivesse o maio de 68 confirmado as pixações dos muros, colocando os padres e os sociólogos em praça pública, onde todos os moradores de rua seriam servidos com pão e vinho, francês para assistir o duelo que somente terminaria quando um dos "gladiadores" fosse enforcado com o intestino grosso do outro.

Estas "concubinas" da miséria, sejam elas as new-feministas, as old-bichas ou homens-putas, são incentivados a acreditar que estão "transformando" o mundo com suas fotografias em favelas e morros, seus relatos de "capacidade antropológica de se inserir na coisa", por ter negociado a sua exploração da miséria, com um traficante (também explorador da miséria), que ganha aura de "semi-deus" ao permitir que, em nome duma arte vadia e degradante, crianças e adolescentes com armas nas mãos, sejam apresentadas como arte nos mais gabaritados museus do "primeiro mundo". Será que ela assistiu ao filmes-documentário Falcão - Meninos do Tráfico ou Notícias de uma Guerra Particular antes de elaborar suas "teses fotográficas"? Será que, algum dia, foi para a "balada" na noite carioca e esticou algumas fileiras de cocaína com a classe média televisiva e verminosa que manda e desmanda na "cultura" de lá, além de serem os derradeiros clientes das dinastias do pó que estão morro acima?

Caro amigo, eu não dou conta mais. Vomito até o que não comi para rechaçar este tipo de gente.

Torço pelo seu livro e faço questão de que mostre aos porcos que os diamantes que comeram são carvão em brasa.

Grande abraço!

Adriano

PS: Tomei a liberdade de copiar este e-mail para o meu amigo Flávio, pois sei o quanto ele "adora" estas coisas. É dos nossos, caro Jon.



Domingo, 19 de Abril de 2009, 17:16

Caríssimo Adriano

A Europa (sobretudo a França) e seu grande bastardo, os EUA, são lobos esfaimados. As carnes escuras do mundo, as terras quentes do globo, são o alvo de suas sanhas sempiternas.
Enojo-me, não com isso, que é histórico e em certa medida, imutável, mas com o desprezo que sentem por essa mesma carne escura e torrão ensolarado que cobiçam com ganas de um usuário de crack!

Todas essas fantasias necrófilas e canibalísticas que inventam, tem uma única razão de ser, justificar a baixeza, a incapacidade, a desumanidade e subserviência dos devorados, ou seja, nós, os mestiços repugnantes moradores dos lugares quentes do planeta...

Ainda assim, os piores mesmos, são os intelectuais indigentes que disfarçam esse espírito com discursos caritativos, de admiração basbaque pelo exotismo capenga que fingem enxergar, de desbravadores civilizados diante da barbárie sórdida e colorida, que justificam sua inge rência, palpites, idiotices e mentiras deslavadas através de bobagens tectônicas e falsas a não mais poder.

A nossa 'inteligentsia' não fica atrás... Porém, devo confessar que a dialética dos lobos é mais genial e elaborada, ao passo que a nossa é uma cópia, muito, muito modesta (diria uma cópia de mimeógrafo a álcool, lembra disso?)...

A França é uma loba obesa e sempre faminta; A Inglaterra é um pittbull glutão e rancoroso; A Espanha é uma áspide doente, que não se cansa de atacar a si mesma e aos outros; Portugal não passa de um modesto e venenoso escorpião, sem forças de sair de dentro da toca decadente; A Itália é uma ave de rapina decrépita, caduca e ineficiente; A Alemanha, um javali hidrófobo que cedo ou tarde sai da floresta mofada para produzir destruições apocalípticas... E os EUA? Bem, acredito-os bem parecidos com um basilisco gordo e ferido, mas mais mortal do que nunca...

Quanto rancor, não? Bem, isso é a única coisa que me resta, já que sou também comida de canibal, objeto de posse dos necrófilos de pele clara e alma suja...

A América Latina e o Brasil, principalmente, parecem-se mais e mais com uma vaca prostada, que já não vai mais produzir leite, aproximando-se rapidamente do abate... Entretanto, permitem-se abater com um sorriso beatífico de louco, de louco da aldeia global, achando em sua eterna passividade suicida, que sendo vaca, é mister ser ordenhada até o esgotamento do sangue e servida em um grande banquete, onde as feras não só a degustarão, como celebrarão sua imbecilidade voluntária com arte e reflexões bonitas... E dizer que na absurda e andrajosa India, a vaca representa a cosmogonia...

Elogiar a favela e o traficante, celebrar a felicidade dos condenados, são recursos usados à exaustão, mas parece ainda funcionar. Vamos fazer um 'favela movie' ou uma 'ode ao traficante'? Talvez a gente consiga morder algo dessa caterva...

Abração,

Flávio

GODOT QUE NOS ESPERE! A REVANCHE DE ESTRAGON E VLADIMIR - 09/04/2009

Os 'vagabundos' Estragon (Jon) e Vladimir (Adriano): A árvore é seca, mas da frutos... Godot que nos espere!

Após todas as confusões e atrocidades ocorridas na Segunda Guerra Mundial, o mundo, sobretudo a Europa, entrou num estado de vazio. A existência havia sido reduzida a nada com a barbárie do holocausto, evento este que foi assistido por inertes países que, meio século antes, não sabiam mais o que inventar com o advento cultural e enfervescente burguês da Belle Époque. Eis então que os "heróis", um vestido de azul e outro de vermelho chegaram para "salvar" o mundo. O de azul distribuiu indiscriminadamente seus produtos para 'quase' todos os cantos do planeta. O de vermelho se trancou e começou a ensinar novos "heróis", como "mudar o mundo", ainda que pagando com o próprio mito. Mas, com tudo isso, ainda persistia o vazio de sentido. Foi então que o dramaturgo Samuel Beckett, nascido em Foxrock, na Irlanda, em 13/04/1906, educado em grandes colégios do seu país e da Inglaterra, no ano de 1949, escreve a peça Esperando Godot. Oito anos então haviam se passado do fim do conflito mundial e a sociedade ainda não sabia "o que seria" e "para onde iria", quando em 1953, a obra de Beckett foi encenada, contando a história de Estragon e Vladimir, dois 'vagabundos' que se encontram diariamente debaixo de uma árvore, para esperar a chegada do Sr. Godot. Ambos conversam até a exaustão e vão embora para, no outro dia, ali, esperar novamente pelo ilustre personagem. E a situação se repete a exaustão. E sempre. E ele não chega.

Cacílda Becker como Estragon: a concentração no personagem causou um avc nos bastidores, tirando-lhe a vida, em 1968.


Estava ele, o Jon, com o coração agitado por uma paixão esnobe, algumas curiosidades n'alma, ideologias pouco elaboradas com a realidade e o tormento da falta de sentido, quando embarcou para o Brasil em 2006, para então trabalhar em uma entidade com pessoas extremamente pobres. Estava eu, o Adriano, com o coração dilacerado por um fardo de culpa, uma paixão esnobe, algumas curiosidades n'alma, ideologias pouco elaboradas com a realidade e o tormento da falta de sentido, quando decidi trabalhar em uma entidade com pessoas extremamente pobres. O Jon, um basco francês, jurista e existencialista por ofício. Eu, um básico brasileiro, professor de história e existencialista por opção. A empatia foi imediata: mulheres, futebol, música, artes e um tanto de humor sarcástico para cada uma destas coisas. Tão distantes e diferentes culturas numa amizade que se encontrou em equivalência, debaixo de uma árvore seca, mas dando frutos. As curiosidades, encontraram respostas. As ideologias se desmistificaram. Os pobres continuaram reféns. E no coração do basco, a paixão esnobe deu lugar a uma paixão nobre (ele não resistiria aos encantos de uma brasileira... Nunca!). Eu, exceto a paixão, passei por todos os mesmos processos. As coisas continuam sem sentido e esse é o negócio: enquanto não tem sentido, continuamos buscando! Assim, com este ímpeto da busca que um dia te lançou ao mundo pela dor, caro Jon, façamos nós também pelo amor. E as coisas acontecerão e, de fato, não vamos esperar Godot. Que assim seja... Que assim seja.

Para saber mais sobre Esperando Godot:


SE APAIXONAR PARA QUÊ? RESPOSTA INSTANTÂNEA PARA PERTURBAÇÕES DISTANTES E CONSTANTES - 08/04/2009

Kurosawa e paixão: sonho que estava dentro de uma pintura de Van Gogh

Para que a vida tenha motivação, desejo, transformação, impulso, vitalidade, segredo, cumplicidade, lembrança, saudade, loucura, dedicação, afetividade... Para ter graça.
Para que a visão se abra e se expanda. Como a luz que arrebenda o dia e aquece o coração. Como os raios luminosos, que apresentam as cores.
Para que o paladar se estabeleça e se aprimore. Como a cada alimento Mediterrâneo, regado pelo azeite dos gregos. Como cada góle do café, recém torrado e moído.
Para que o olfato traga sempre o pensamento. Como os cabelos molhados, que perfumam o ar e a cama. Como o cheiro da pitanga, que a boca enxagua.
Para que a audição se encarregue das respostas. Como a cada suspiro, que recebe de troco um beijo. Como cada canção peculiar, que representa uma emoção.
Para que o tato traga as demais coisas. Como se cada carinho, fosse o último e o primeiro. Como fazer dos lábios, eternos descobridores.

CONJUGANDO O VERBO PROTAGONIZAR - 01/04/2009

Na estrada ouvindo Eric Clapton & B.B. King: protagonizando com alma

Em Julho de 2008, em viagem ao interior de SP, encontrei meu primo Laércio (Cinho). Tiramos alguns dias para rodar de carro pelas estradas, tomar umas cervejas e ouvir blues e rock'n roll, ou no toca cd do carro, ou ao vivo, nos Pub's de Mirassol ou Rio Preto. Eu passava por um momento difícil de confusão quanto aos rumos a serem tomados. Precisava me desvincular de algumas situações do passado que insistiam em ficar atormentando minhas lembranças, além de avaliar as perspectivas futuras. Meus planos, inicialmente, eram de refletir intensamente tudo e tomar decisões. O Laércio, assim como eu, passava por transições e decisões a serem tomadas e estava absolutamente em parafuso com tudo. No final das contas, melhor do que mastigar o que tanto nos atormentava, vivemos intensamente a idéia da "estrada", filosofamos sobre as concepções de tempo, ideais, desapego ao "tradicional" e, sobretudo, viver. Mais importante de tudo é que reafirmamos o que tanto precisávamos para tocar o barco adiante: somos PROTAGONISTAS das nossas vidas. Temos consciência de nossas limitações e condições, mas fundamentalmente reconhecemos a nossa capacidade de tomar as descisões que são necessárias, não para vencer sempre, mas para caminhar e pagar o preço do nosso caminho. Um conceito de vida com base no ato de compartilhar momentos, situações, idéias, sentimentos, natureza e o que mais for preciso. A vida com o que ela tem e com o que ela ensina.

No bar ouvindo rock'n roll: celebrando com vida

OS SÍMBOLOS, O ADEUS E VIDA COMPARTILHADA - 22/03/2009

Os ciclos da vida

No Fim do Mundo, é um bar que fica em Santana, Zona Norte de São Paulo. É diferente do que se conhece em geral: instalado num casarão do século XIX, com arquitetura francesa e italiana, tem ambiente expositivo, estúdio e bar. Tornou-se uma opção para quem quer alguma coisa diferente, com ambiente mais voltado a cultura, desde a decoração até a escolha de repertório musical. O símbolo do bar é a Trisquel (ou Triskel, Triskele) que, até onde se sabe, representa os ciclos da vida [1]. Estes ciclos que devem ocorrer, pois está naturalmente determinado assim: nascer, viver, morrer, alimentar a terra, alimentar novas vidas. Eu olhava para o símbolo e, enquanto meus amigos conversavam sobre a recepção do outono, eu pensava na amiga querida que perdi a pouco tempo. Dias antes, ao encontrá-la ali, imóvel e sem o sopro da vida, tive uma reação diferente do que ocorrera em outras vezes: em meu coração, só restava a gratidão por cada palavra e cada sorriso que compartilhou, enquanto pudemos conviver. Se aprendi a lidar com a partida, não posso dizer. Certamente, ser grato por tudo que me fez sentir melhor, é um passo grandioso. Sem o desespero do adeus, mas com o reconhecimento do que foi compartilhar intensamente. Creio que viver é isso.

[1] Com origem provável na região da Galiza, ao Norte de Portugal e Noroeste da Espanha, provavelmente se espalhou pela Europa Antiga. Era usado pelos celtiberos, mas não se sabe se deles era originário.

Mapa da Galícia
Para saber mais:
http://www.nofimdomundo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1&Itemid=2

http://www.forum-gallaecia.net/viewtopic.php?t=40

OS CORVOS, TERÇA-FEIRA E VIVER MAIS - 17/03/2009

Os Dois Corvos de Odin, Hugin e Munin: tô fora!

5 horas e 30 minutos da manhã desta terça-feira, 17 de março de 2009. Levanto e, após o banho, saio de casa em direção ao Posto de Saúde, para coleta de sangue, com a finalidade de fazer exames e desvendar que mistérios levam o coração a bater desordenadamente. Me despeço da minha irmã que pegou o ônibus comigo e desço para, logo em seguida, subir em outro. Assim que ligo o MP3 (companheiro inseparável!), começa a tocar My Heart Killing Me ("meu coração me mata", ou algo assim), da banda de rock originária da Geórgia, EUA, The Black Crowes. Os dois irmãos "crowes", Chris e Rick Robinson, que formam a base desta banda, estão sempre por perto, com verso e sonoridade que falam diretamente ao meu, já citado, coração. Na sexta-feira anterior eu li que na Mitologia Nórdica, haviam dois irmãos corvos, Hugin e Munin, que sobrevoavam a terra durante o dia para colher os fatos e contar ao deus Odin, fazendo com que este fizesse justiça. Destes, quero distância, no momento. Ironias a parte, preciso de fato, viver mais tempo. Tenho que viajar pelo Brasil, conhecer alguns países da Europa e New Orleans, nos EUA, etc. E começar a ser mais seu irmão, meu filho.

Nota: Os lobos aos pés de Odin são Geri e Freki. Eles se alimentam da carne que trazem como oferenda ao Deus Nórdico.

sábado, 24 de julho de 2010

CATARSE - ONDE COMEÇA OU TERMINA

Jung - Construir e desconstruir* 





Aristóteles dizia que a CATARSE, do grego Κάθαρσις "kátharsis, é um tipo de purificação das almas, tendo como forma de "descarga" emocional o drama.



*Foto: Dmitri Kessel- 05.set.1949 - Bollingen

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